segunda-feira, julho 16, 2007

DE VOLTA!!!!!! Em um mês!

Shopping and Fucking volta a cartaz na SALA DO CORO do TCA

O espetáculo Shopping and Fucking, com direção de Fernando Guerreiro, volta a cartaz em curtíssima temporada no dia 17 de agosto (sexta-feira), às 20h, na Sala do Coro do Teatro Castro Alves. No elenco, Jussilene Santana (melhor atriz Braskem em 2005), Celso Jr., Edvard Passos, Rodrigo Frota e Emiliano d´Avila. O espetáculo foi um sucesso de público e crítica em sua temporada na Aliança Francesa. A equipe do espetáculo ainda é composta por Euro Pires, na cenografia, Fábio Espírito Santo, iluminação, e a dupla de estilistas Soudam e Kavesky, na concepção do figurino. A produção do espetáculo é de Mário Dias.

Shopping and Fucking prossegue até o final de agosto, de sexta a domingo, sempre 'as 20h. Os ingressos custarão sempre R$ 16 e R$ 8 (meia) .O texto do inglês Mark Ravenhill é um drama que acompanha o cotidiano de um triângulo amoroso e seu envolvimento com o mundo das drogas, do sexo pago e da violência. O espetáculo mostra a série de esquemas em que o grupo se envolve para continuar sobrevivendo numa grande cidade, desde o roubo até à venda de sexo por telefone, entre outras transações.

Neste universo onde a fé na condição humana parece estar extinta nada escapa do consumo desenfreado. A questão que perpassa a encenação é: Tudo estará mesmo à venda? Daí que indiretamente se questione se qualquer coisa pode ser objeto de troca, de uma permuta comercial, até mesmo os laços pessoais e sexuais. Neste território onde todas as transas são possíveis, o consumismo substituiria nossos antigos códigos morais?

A primeira vez que Shopping and Fucking veio a público foi no Royal Court, em Londres, em 1996, logo se tornando um grande sucesso e percorrendo várias cidades da Inglaterra. A peça causou frisson imediato pela ousadia no trato com a temática homossexual, sendo tachada inclusive de exibicionista e chocante.A crítica enérgica presente no texto de Ravenhill, porém, sobreviveu à sua imediata leitura sexual, mesmo passados dez anos.

Ao longo da década, Shopping and Fucking foi montada com sucesso de público e crítica nos EUA, Itália, França, Espanha, Canadá, Dinamarca, Alemanha, Hungria, Lituânia, Estônia e África do Sul, em todos estes países assumindo uma aura de espetáculo cult. Também nestes últimos dez anos, a estética gay foi muito apropriada pela sociedade de consumo, abrandando parte do estranhamento ao tema. O texto já foi encenado no Brasil, em 1999, com direção de Marco Ricca, tendo Silvia Buarque e Rubens Caribé no elenco.

A amoralidade niilista dos personagens de Ravenhill permite mesmo essa leitura mais chocante, mas por outro lado há material em Shopping and Fucking para se perceber um profundo sentido ético no retrato que o autor faz da sociedade capitalista contemporânea. Para ele, a globalização e as atuais forças econômicas tentam fazer em fiapos nossos laços comunitários. Mas, como o próprio Ravenhill afirma: "Há sempre um momento em que minhas personagens reconhecem que têm que cuidar umas das outras".

Apesar de rejeitar o título de teatro político convencional (que seria um teatro engajado), o discurso de Ravenhill - tanto em seus textos quanto entrevistas - é quase sempre político. Em Shopping and Fucking ele trabalha com temas recorrentes, como a crítica irônica à sociedade de consumo, à globalização e as transações comerciais como base para as relações humanas.
Ravenhill escreve sobre a cena urbana de maneira eloqüente e com diálogos ágeis.

Em suas cenas fragmentadas, há referências à cultura pop, aos desenhos animados da Disney e à literatura clássica. Em Shopping and Fucking há citações: ao musical infantil O Rei Leão, à peça As Três Irmãs, de Tchecov, a Romeu e Julieta, de Shakespeare, aos canais de tele shopping, aos snuff films (filmes de acidentes e mortes reais) e às onipresentes câmeras de TV. Já os nomes das personagens são tomados de empréstimo do grupo Take That, uma versão inglesa da boy band New Kids on The Block.

Seus temas e diálogos também sugerem aproximações com outros produtores do cinema e teatro contemporâneos como David Mamet, David Lynch, Quentin Tarantino e Irvine Welsh (autor de Trainspotting). Outros textos de Mark Ravenhill são Fausto está morto (1997), Handbag (1998), Polaroids Explícitas (1999) e, mais recentemente, Citizenship, The Cut e Product (todos de 2005).

Jussilene Santana
junesantana@gmail.com

Seção Fala que eu te escuto 1 - Jussilene Santana


Seção Fala que eu te escuto 2 - Fernando Guerreiro


Seção Fala que eu te escuto 3 - Mário Dias


Sobre viver de arte na Bahia - Faculdade da Cidade do Salvador - PROSA, 2007

quinta-feira, julho 12, 2007

O consumidor consumido, por Beth Ponte



Comprar e foder. E não necessariamente nessa ordem. Para além de questões filosóficas sobre o sentido da vida, há o entrelaçamento de vidas sem qualquer sentido, senão o exercício diário das várias formas de conjugar e viver esses dois verbos: comprar (vender) e foder. Este é o contexto da peça “Shopping & Fucking”, em cartaz no Teatro Moliére, na Aliança Francesa, até o dia 17 de junho. A peça tem direção de Fernando Guerreiro e texto do inglês Mark Ravenhill.
No texto, em boa medida fragmentado e perturbador, jovens vivem uma relação de dependência, física e emocional, com as drogas, com o dinheiro e entre si. Lulu (Jussilene Santana) ama Robbie (Rodrigo Frota) que ama Mark (Edvard Neto) que ama Gary (Emiliano D'Ávila) que não ama ninguém, senão a imagem impossível de um homem que o salvará e o fará esquecer os abusos sexuais sofridos pelo próprio padrasto. Entre eles há a figura do traficante Brian (Celso Jr.), capaz de chorar ao assistir os solos de violoncelo tocados pelo filho e comover-se com a saga do pequeno Rei Leão, ao tempo em que ameaça sem remorso a vida de quem se põe em seu caminho.
Encenada pela primeira vez em 1996, em Londres, a peça mistura humor negro, drama e brutalidade e já contou com duas montagens no eixo Rio-São Paulo. Na adaptação de Guerreiro, ao contrário do texto original, os nomes dos personagens não são citados, por eles ou por terceiros. Intencionalmente ou não, esse detalhe dá o tom de como as relações entre eles são construídas, do amor e da individualidade completamente submersos sob a água suja de uma realidade na qual o sexo e o dinheiro são as únicas motivações para a vida.
O amor aqui pouco importa e assume diversas formas, como o de Mark por seus dois amigos, que é o mesmo amor que se tem por algo que se acabou de comprar e cujo uso lhe renderá algum prazer momentâneo, ou então na atitude de Robbie, em que por amor à humanidade distribui toda a quantidade de drogas fornecida por Brian, pondo ele e Lulu em situação de risco com o curto prazo de uma semana para repor o dinheiro. O enredo não é assim tão linear quanto parece quando contado. Estes e outros fatos são intercalados com cenas e diálogos “chocantes” aos mais sensíveis ou conservadores, nas quais o sexo está sempre presente. “Shopping & Fucking” faz a “aceleração no vácuo” de Baudrillard parecer não mais que uma ciranda de crianças.
A concepção cênica da montagem de Guerreiro é absolutamente brilhante. O cenário é composto unicamente por um imenso e belo Cadillac vermelho, sobre um mecanismo que permite girá-lo em todas as direções a depender do contexto da cena e da movimentação dos personagens. O abre e fecha das portas, a utilização também do capô e do porta-malas do veiculo criam uma mobilidade dinâmica e bastante importante quando conjugada ao texto. A escolha de um carro como peça principal do cenário também é bastante emblemática. Tal qual na vida real, o carro do cenário de “Shopping & Fucking” é usado para tudo: a casa, o suporte, a cama. É usado como tudo: menos como carro. Assim como na vida real, o cultuado e desejado objeto de consumo assume outras funções que não a locomoção: são a extensão de nossa casa, de nossa proteção e até de afirmação da personalidade de seus donos. Os atores, por sua vez, da caracterização à interpretação estão muito bem, demonstrando o ímpeto e a dedicação necessários para se assumir os risco de uma produção tão polêmica e chocante.
“Shopping & Fucking” desagrada aos mais sensíveis e por isso mesmo prova que é bom no que se propõe, pois choca e expõe de forma visceral alguns aspectos da dita sociedade de consumo: o valor do dinheiro, o pouco valor da vida e o sexo enquanto moeda de troca corriqueira, alimentando a eterna ânsia de consumo praticada incessantemente por pessoas já consumidas. E toda essa velocidade absurda da perda de valores representada em um carro que não sai do lugar, apenas gira em torno de si mesmo, e de personagens que, como já diria Lobão em plena perdição, preferem viver “dez anos a mil, que mil anos a dez”.

bethponte@nacoco.com.br


“Shopping and Fucking ” Com Jussilene Santana, Rodrigo Frota, Edvard Neto, Celso Jr e Emiliano D'Ávila. Direção: Fernando Guerreiro. Texto: Mark Ravenhill

sexta-feira, julho 06, 2007

Seção Colírio - Emiliano d´Avila


"Sob gritos ensurdecedores, o menino de camisa amarela..."

Seção Colírio - Robbie e Mark

"Morram de inveja..."

Seção Colírio - Celso Jr

"Saca assim um tipo ameaçador? Eu tenho medo dele..."

Seção Colírio - Edvard Passos Miller


"Só Charles Bronson para enfrentar este olhar..."

Seção Colírio - Rodrigo Frota


"Ai que saudades deste chapéu..."

segunda-feira, julho 02, 2007

Trabalho de alunos - Louise Batista 3not - Faculdade da Cidade


Comentário escrito para a disciplina de Redação Jornalística.

A peça Shopping and Fucking retrata uma sociedade motivada pela relação de consumo e troca de mercadorias, focando o sexo, o homossexualismo, a prostituição e as drogas. Trazendo uma falsa mensagem de que a felicidade está no dinheiro e no consumo, os personagens encontram no sexo, nas drogas e em tudo que é efêmero os meios de sobrevivência, equiparando seus sentimentos e afetos com as relações comerciais, colocando no consumo a culpa da fragilidade humana.
O tema da peça “cai como uma luva” num mundo capitalista e globalizado como o nosso, que nos dias atuais revela alguns jovens sem perspectiva de vida e que procura nas drogas, no sexo, uma chance de tentar sobreviver em um país no qual o futuro é uma incerteza.
O espetáculo também revela uma idéia de que tudo e todos têm um preço, e que acabamos transformando nosso corpo em uma mercadoria que pode ser vendida e comprada. Às vezes esse tipo de comércio ocorre pela necessidade de sobrevivência ou até mesmo pela busca de afeto. A reflexão da peça é mostrar que, atualmente, sexo e dinheiro são o auge de nossos valores e com isso há o consumo desenfreado da sociedade e a imagem desgastada de tudo.

Trabalho de alunos - Wagner Ferreira 3not - Faculdade da Cidade

COMPRANDO E FODENDO


Comentário escrito para a disciplina de Redação Jornalística.
Blog de Wagner Ferreira: http://www.malecencia.blogspot.com/

A peça Shopping and Fucking, que esteve em cartaz no Teatro Molière no último final de semana (15 a 17 de junho), mostrou ao público a realidade do cenário urbano mundial vivida nos anos 1990. O texto original é de Mark Ravenhill, um dos escritores britânicos mais controversos e bem sucedidos a emergir no final desta década. O espetáculo consagrado em mais de 50 países retrata uma juventude imersa nas drogas, na desesperança e desemprego, além de resumir muito bem temas como sexo e consumismo, comportamentos ainda visíveis nos dias atuais.No Brasil teve sua primeira versão em São Paulo, através do diretor Marco Ricca em 1999, tendo Rubens Caribé e Silvia Buarque no elenco. Sua segunda montagem em terras brasileiras veio em 2007, depois do diretor Fernando Guerreiro (Vixe Maria e A Bofetada), estar com o roteiro nas mãos por quatro anos. O elenco é composto por: Celso Júnior (Brian), Edvard Neto (Mark), Rodrigo Frota (Robbie), Emiliano D’Ávila (Gary) e Jussilene Santana fazendo a “Lulu”.Tudo começa num Self-Service, quando Lulu e Robbie tentam dar algo de comer para Mark, que é viciado em drogas. A tentativa não surte efeito, e Mark percebe que seu vício vira ameaça. Isso o faz procurar uma clínica de reabilitação, saindo pouco depois. Nas ruas, encontra Gary, um jovem garoto de programa, o qual se apaixona. Nesse meio tempo, Lulu tenta arrumar um trabalho como atriz, sendo testada por Brian com a entrega 300 cápsulas de êxtase para repassar. Nisso Robbie oferece ajuda a Lulu na venda da droga. Só que entusiasmado acaba doando todas as pílulas numa festa. Brian ameaça o casal, que para levantar o dinheiro, começam a vender sexo por telefone. O clima esquenta quando Mark apresenta Gary a Lulu e a Robbie, que fica enciumado.

Trabalho de alunos - Alberico Manoel 5not - Faculdade da Cidade


Off de sua reportagem para TV sobre a peça.
Blog de Alberico Manoel: http://albericosantos.blogspot.com/

SHOPPING AND FUCKING

///SEXO / DROGAS / MOVIMENTO UNDERGROUND / LIBERDADE DE EXPRESSÃO / ANGÚSTIA / MEDO E UM MUNDO CONTEMPORÂNEO COMPLETAMENTE NOVO / EM QUE NOS PERDEMOS COM CINISMO E SARCASMO SOBRE A REALIDADE//// ESSE É O TEXTO DE SHOPPING AND FUCKING // A PEÇA QUESTIONA AS DENSAS RELAÇÕES HUMANAS / QUE NOS PEGAM DE SURPRESA E QUE NOS INSEREM DENTRO DO TEXTO// O AMBIENTE SE PASSA DENTRO DE UM CARRO/ SIMBOLO DO CONSUMISMO DESSA NOVA ERA GLOBALIZADA // SEUS PERSONAGENS CENTRAIS VIVENCIADOS POR LULU / ROBBIE / MARK E GARY VIVEM UM QUADRILÁTERO AMOROSO SEM PUDORES E LIVRES DE QUALQUER QUESTIONAMENTO ÉTICO E MORAL // O TEXTO DO DRAMATURGO INGLÊS MARK RAVENHILL É IMPACTANTE / FORTE E MUITO BEM ARGUMENTADO // UMA PEÇA FEITA PARA REFLETIRMOS SOBRE A MODERNIDADE / O SEXO É TÃO FÁCIL QUANTO O FAST-FOOD NAS GALERIAS DAS CIDADES / O DESEJO / A VIOLÊNCIA E UM CERTO MASOQUISMO EM BUSCA DE UM AMOR INEXISTENTE E VAZIO///