Gente!!! Este é o último final de semana para conferir Shopping and Fucking!
Só tem mais sexta, sábado e domingo, ein? 20h. Inteira, R$16,00.
Na Sala do Coro do TCA.
Cheguem cedo porque vai ser agonia....
terça-feira, setembro 25, 2007
a moeda nossa de cada dia
Há uma potência escondida nas análises sobre consumo. É apropriando-se do cruzamento entre relações sociais e comerciais – principalmente, no que se referente a drogas e sexo – que Mark Ravenhill, ator, dramaturgo e diretor teatral inglês, desenvolve a peça "Shopping and fucking", em cartaz na cidade até o dia 30.09, com direção de Fernando Guerreiro.
Se descortinar a sociedade de consumo pode insinuar-se como uma tarefa redundante ou passível de adoção de um viés moralista, a equação (inexata) proposta pelo autor desanda para os excessos provocadores e para a absoluta transgressão.Não que com isso a peça renda-se à apelação barata ou à mera verborragia.
O ato de não tangenciar a polêmica é perfeitamente cabível e esperado frente aos cincos personagens – quatro homens e uma mulher –, os quais têm suas histórias particulares perpassadas por instâncias comerciais, sexuais e sentimentais, as quais permitem não apenas a aproximação, mas um senso de dívida permanente que os projeta para uma espiral contínua de desvios de conduta.
O terreno mostra-se movediço porque tal desvio não será abatido com uma ação punitiva ou com o discurso moralizante, mas com a legitimação das falências sentimentais em que estes seres encontram-se sufocados. Se o exercício consumista mantém-se como o eixo condutor e que confere sustentação à engrenagem narrativa, pontua-se com elementos simbólicos a prevalência de uma sociedade midiática e efêmera, hábil no desenvolvimento de cadeias alimentares, refeições em embalagens individuais, comercialização de indivíduos, drogas e de sexo via prostituição ou centrais de atendimento telefônico.
A glamourização do simulacro é explicitada e ironizada através do seu próprio instrumental: a distribuição gratuita de drogas propicia a felicidade dos usuários e a liberdade de escolha do sujeito resume-se a um dos números do cardápio do McDonald’s.O entendimento da vida como um negócio é expresso discursivamente e se alia a um gestual de forte apelo imagético, apoiado nas referências a excitamento e nas práticas de sexo explícito homossexual.
O gozo consumista irmana-se com o gozo sexual e ao corpo é delegada a emblemática tarefa de assumir a condição de meio – seja como moeda corrente, escudo ou território sexual. E o sangue jorra quando preciso declarando a vitalidade dos seus portadores.É inválido apegar-se a uma possível e suposta modernidade da peça. Sua centralidade dialoga mais com o cenário esboroado de "Clube da Luta" (1999), de David Fincher e a predominância do mercado, como identifica o documentário canadense "The Corporation", (2003) de Mark Achbar e Jennifer Abbott.
No miolo da problemática, os aturdidos seres em (de)composição que Ravenhill constrói com destemor e maestria, a fim de responder o que um de suas personagens questiona: “Por que será que tem que ser desse jeito?”. Talvez não haja tanta determinação – não tenha que ser –, mas sublinha-se o gesto errôneo de refutar esta dimensão da realidade, não a constatando – seja por miopia ou demência.
Na foto (postada no blog, vão lá! ;) ) Daniel Radcliffe em uma das fotos da recente montagem de "Equus". Tal peça foi encenada em 98, aqui na cidade, por Guerreiro. Este senhor sabe oxigenar - a si próprio e ao palco. Todo mérito é pouco.
texto do blog http://eusouosenhordocastelo.blogspot.com/
de Breno Carvalho.
Se descortinar a sociedade de consumo pode insinuar-se como uma tarefa redundante ou passível de adoção de um viés moralista, a equação (inexata) proposta pelo autor desanda para os excessos provocadores e para a absoluta transgressão.Não que com isso a peça renda-se à apelação barata ou à mera verborragia.
O ato de não tangenciar a polêmica é perfeitamente cabível e esperado frente aos cincos personagens – quatro homens e uma mulher –, os quais têm suas histórias particulares perpassadas por instâncias comerciais, sexuais e sentimentais, as quais permitem não apenas a aproximação, mas um senso de dívida permanente que os projeta para uma espiral contínua de desvios de conduta.
O terreno mostra-se movediço porque tal desvio não será abatido com uma ação punitiva ou com o discurso moralizante, mas com a legitimação das falências sentimentais em que estes seres encontram-se sufocados. Se o exercício consumista mantém-se como o eixo condutor e que confere sustentação à engrenagem narrativa, pontua-se com elementos simbólicos a prevalência de uma sociedade midiática e efêmera, hábil no desenvolvimento de cadeias alimentares, refeições em embalagens individuais, comercialização de indivíduos, drogas e de sexo via prostituição ou centrais de atendimento telefônico.
A glamourização do simulacro é explicitada e ironizada através do seu próprio instrumental: a distribuição gratuita de drogas propicia a felicidade dos usuários e a liberdade de escolha do sujeito resume-se a um dos números do cardápio do McDonald’s.O entendimento da vida como um negócio é expresso discursivamente e se alia a um gestual de forte apelo imagético, apoiado nas referências a excitamento e nas práticas de sexo explícito homossexual.
O gozo consumista irmana-se com o gozo sexual e ao corpo é delegada a emblemática tarefa de assumir a condição de meio – seja como moeda corrente, escudo ou território sexual. E o sangue jorra quando preciso declarando a vitalidade dos seus portadores.É inválido apegar-se a uma possível e suposta modernidade da peça. Sua centralidade dialoga mais com o cenário esboroado de "Clube da Luta" (1999), de David Fincher e a predominância do mercado, como identifica o documentário canadense "The Corporation", (2003) de Mark Achbar e Jennifer Abbott.
No miolo da problemática, os aturdidos seres em (de)composição que Ravenhill constrói com destemor e maestria, a fim de responder o que um de suas personagens questiona: “Por que será que tem que ser desse jeito?”. Talvez não haja tanta determinação – não tenha que ser –, mas sublinha-se o gesto errôneo de refutar esta dimensão da realidade, não a constatando – seja por miopia ou demência.
Na foto (postada no blog, vão lá! ;) ) Daniel Radcliffe em uma das fotos da recente montagem de "Equus". Tal peça foi encenada em 98, aqui na cidade, por Guerreiro. Este senhor sabe oxigenar - a si próprio e ao palco. Todo mérito é pouco.
texto do blog http://eusouosenhordocastelo.blogspot.com/
de Breno Carvalho.
segunda-feira, setembro 03, 2007
Entrevista com Mark Ravenhill
Uma entrevista em vídeo com Mark Ravenhill sobre "Citizenship", em cartaz no National Theatre de Londres.
Tradução da apresentação da entrevista no Youtube:
Tradução da apresentação da entrevista no Youtube:
O autor Mark Ravenhill fala sobre outra peça, "Cidadania". Uma comédia agridoce sobre crescer, seguindo a busca franca e desordenada de um garoto para descobrir sua identidade sexual. "Uma de suas melhores peças. Ravenhill captura excelentemente a insegurança sexual da adolescência bem como a curiosidade infinita." - Guardian.
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