segunda-feira, abril 09, 2007

Shopping and Fucking, no BahiaVitrine


Fernando Guerreiro (diretor da peça) diz no programa que realizar a montagem partiu de uma saudável obsessão. Shopping & Fucking não é só obsessiva. Vai mais além: fascina por sua movimentação opressiva e sensual.
O sexo (quase explícito) nunca foi tratado em nossos palcos de forma tão crua, brutal. E por vezes, masoquista. Shopping & Fucking é o trabalho mais contundente do teatro baiano nos últimos anos. É um espetáculo inteiro com atuações que merecem aplausos.

O texto de Mark Ravenhill nos remete a uma geração sem perspectivas onde somente sexo e dinheiro estão no comando. Um retrato atual ou ficção criada pelo enlouquecido triângulo amoroso Mark (Edvard Passos), Lulu (Jussilene Santana) e Gary (Emiliano D´Ávila) quando traz a cena personagens como Robbbie (Rodrigo Frota) e Brian (Celso Júnior) que ameaçam desestruturar o barato dos três? Não importa. O mais importante é que o espectador mergulha numa viagem visceral. Marcada com uma iluminação que funciona (no caso do piscar dos holofotes) como grito de alerta. Ir mais além pode ser muito perigoso.

Existe algo na peça que lembra filmes como Blade Runner (pela atmosfera sombria quase sufocante) e Assim caminha a humanidade. Aquele carro (cadillac conversível) como cenário parece abrigar as mesmas dores do sempre atormentado James Dean. Seja na vida real do ator ou encarnando personagens em seus filmes. Ambos marcaram gerações diferentes de maneira peculiar. Viraram cult. O mesmo pode acontecer com Shopping & Fucking.

Destaque para as performances de Jussilene Santana (na cena em que comanda relações sexuais por telefone) e Edvard Passos (narrando transa no banheiro de um metrô tendo como parceiras Madonna e Angelina Jolie). Inesquecíveis!

A peça está em cartaz no Teatro da Aliança Francesa, de sexta a domingo.


por por Jacques de Beauvoir, 04 de abril de 2007

4 comentários:

Anônimo disse...

Cara, essa peça parece ser tudo! Vou pintar esse final de semana. Jussi, vc está demais no vídeo! até lá.

Anônimo disse...

Acabo de assistir a Shopping and Fucking, em cartaz no Teatro Molière, da Aliança Francesa. O espetáculo é muito bom, melhor dizendo, excelente por conta da direção precisa, da luz, do ótimo trabalho do elenco que, de fato, funciona como uma equipe que se entende bem no palco. Todavia, o melhor do espetáculo é a reflexão sobre a sociedade contemporânea que ele provoca. Uma sociedade dependente do consumismo. Digo dependente porque penso que esse consumismo é uma droga de altíssimo poder destrutivo, que reduz tudo, ou quase tudo (prefiro pensar assim) a uma relação de troca, como se tudo e todos fossem mercadorias. Consumismo que dilacera as relações interpessoais, as tradições culturais, as identidades e tantas outras coisas. Entretanto, esse consumismo tão destrutivo é o mesmo que gera emprego, renda e com isso possibilita, entre outras coisas, a criação de espetáculos que valem a pena ver, como é o caso de Shopping and Fucking. São os paradoxos dessa contemporaneidade, definida pelo sociólogo polonês Zygmunt Baumam de líquida, pois já não é capaz de nos oferecer nenhum tipo de segurança, confiança ou certeza. O texto do Mark Ravenhill é uma pérola da dramaturgia contemporânea, pois está perfeitamente conectado ao seu tempo. O monólogo final do personagem Brian (interpretado por Celso Jr.)é o ponto máximo do texto. Magnífico. Parabenizo a direção e os atores (o trabalho deles é ótimo de se ver). O único elemento que não funciona em cena é o cadilac vermelho. Ele é péssimo. Detestei, mesmo tendo aludido a presença dele ao estilo de vida das personagens, sempre em trânsito, nunca fixadas onde quer que seja. Ainda assim a presença dele irrita o espectador. A meu ver não funcionou, porque na maioria das vezes ele desvia a atenção do espectador para o mais importante no espetáculo, o texto. Sem dúvida alguma, Shopping and Fucking é um espetáculo que vala a pena conferir e debater. Parabéns! Sílvio Benevides.

Anônimo disse...

essa foi uma má crítica e evoca referências equivocadas.

Anônimo disse...

Aq que referências me refiro: Blade runner, e especialmente james dean, o caro crítico parece estar em conexão com as próprias memórias sentimentais e esqueceu-se do plano geral da arte. Referências muito mais contundentes estariam em filmes como: "A estrada perdida" de David lynch, ou a um romance de chuck pallaniuk (autor de "sobrevivente" "clube da luta") e caracteres típicos de filmes "on the road". Assista "transpotting (ja deveria estar manjado). Porém a peça não se sustenta nesta resferências a estética evocada e realizada caminha por sí própria, apenas alude e é só oque q q bom trabalho faz, pq este o é! Eu fui o anônimo acima! Eis meu nome se interessa.