Com produção de Mário Dias chegou ao palco em Salvador Shopping & Fucking de Mark Ravenhill dirigida por Fernando Guerreiro que não precisa apresentação por ser sempre constatação. Vou só destacar alguns aspectos importantes de sua capacidade como diretor de teatro.
Uma delas é sua habilidade de criar um bom espetáculo com um grande nível de profissionalismo, daí sua assinatura ser uma garantia de que não se sairá frustado. Mas o que sempre me chamou atenção é sua imensa sensibilidade na seleção dos atores e como os dirige em cena. Ele por si só é uma escola de teatro. Se morasse noutro país estaria não só rico como teria muito mais reconhecimento do que já tem no Brasil.
O elenco é formado por Celso Júnior, Edvard Passos, Emiliano D'Ávila, Jussilene Santana e Rodrigo Frota. Todos muito bons.
A peça é sobre quatro jovens que vivem compartilhando o mesmo espaço. Sexo e dinheiro alternando sentimentos e poder os tortura. Homens que se relacionam com homens ou mulheres que buscam o amor sob o desespero e angústia de um mundo capitalista, da década de 90, que a atualidade não mudou. Mas é polêmico. Cenas fortes. Diálogos francos e diretos.
No meu entender, o sexo foi reprimido por mais de 4 mil anos a partir do judaísmo. Deixou de ser uma coisa sempre boa uma pessoa dar prazer a outra com seu corpo para ser um pesadelo de culpa, negação e pecado. Alguns escritores ficam presos nessa armadilha. O primeiro passo para se enfrentar essa repressão é sempre o achar bom e bonito. Sob qualquer pretexto e circunstância, um ser humano, gerar, no outro, prazer erótico, mesmo efêmero, com ou sem outros interesses ( isto é irrelevante diante do ato) é muito bonito e basta por si só. Horrível é se negar, também seja sob que pretexto for, esse prazer ao outro.
Desde que não seja pretexto para o assassinato, roubo ou feito sem cuidados podendo gerar doenças, os que enfrentam os 4 mil anos de repressão a essa maneira de fazer o bem ao outro com seu próprio corpo é sempre um anjo. Associá-lo ao desespero, desgosto, violência, complicação e, mesmo até, busca de amor sempre me desagrada. Mas essa é uma opinião pessoal. Fica aberta a polêmica.
O espetáculo é magistralmente bem construído. Não pode se deixar de vê-lo e discuti-lo. A peça pode ser vista até junho no Teatro Moliére da Aliança Francesa.
Ricardo Líper
Jornal Tribuna da Bahia, segunda-feira, 23 de abril de 2007
Dia & Noite
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Um comentário:
Acho que a anlse que o espetáculo faz da dta sociedade de consmo é absurdamente verdadeira. é chocante saber que hoje em dias as pessoas não tem limite para mais nada. faz penser sobre nossa relaidade cotidiana é é muito bom!!! o elenco está de parabéns.
quando o menino pede para o casal ir até o fim é muito duro, muito forte. ele fala que está pagando e que pode tudo!! todo mundo tinha que ver esta peça ao menos uma vez na vida...
marcelo carlos
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